quinta-feira, 19 de junho de 2008

Professor pesquisando professor: desafios intersubjetivos numa etnografia.

TRABALHO APRESENTADO NA 26a REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA - RBA EM PORTO SEGURO - BA

1. Apresentação

Este texto pretende colaborar com as discussões em torno dos “Desafios Contemporâneos para uma Antropologia da Educação: ensino, pesquisa e políticas de igualdade” tema deste grupo de trabalho, à medida que se deseja provocar uma aproximação entre Antropologia e Educação, trilhando por desafios, mas também por conformações de uma relação própria e adequada entre ambas.

A decisão em propor este texto veio no intuito de contribuir, também, com a reflexão da identidade docente e prática pedagógica dos professores e professoras indígenas e não indígenas, particularmente do Centro de Formação e Cultura Indígena da Raposa/Serra do Sol ou com aqueles e aquelas que desempenham funções em áreas indígenas. Traz, assim, parte da pesquisa etnográfica para a dissertação de mestrado intitulada Conflito Interétnico entre Makuxi e Wapixana na Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, no Estado de Roraima, realizada durante o segundo semestre de 2007. As fontes de pesquisa consistem em observação participante como método e entrevistas não-diretivas na Maloca Barro, antiga Vila Surumu, somada à gravações em fitas magnéticas (cassetes) e produção de um curta metragem para vídeo gravado em fita 8mm, trabalhos que está em processo de conclusão.

Portanto, se quer aqui perseguir algumas indagações que levaram ao delineamento do olhar de um professor formador de professores que atua com o referido grupo profissional a dez anos, considerando ainda parte de um “fazimento docente” iniciado em 1989 quando por decisão pessoal, este professor ingressou no curso de Licenciatura Plena em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN. Isto nos impulsionou aos estudos da Metodologia do Ensino Superior e da Pesquisa Científica em 1996 na UERN e, agora, ao Mestrado em Antropologia Social pela UFRN (2006-2007).

Afinal, como uma pesquisa etnográfica pode ser recebida por professores indígenas e não indígenas (percepções internas)? Como pesquisador, respondo às expressões deles (percepções externas)? Por que um professor não indígena necessita de conhecimentos de professores indígenas? Como se formam ou são formadas as posturas daqueles e daquelas envolvidos e envolvidas no processo de investigação? Que espaços para pesquisa podem se mostrar mais adequados para os encontros e desencontros entre os envolvidos numa pesquisa deste “tipo”? Que implicações as posturas assumidas inter sujeitos são requeridas antes, durante e depois da pesquisa?

Esclareço que para marcar quem é quem nos textos falados, deixo a partir de agora a condição da impessoalidade do trabalho científico visto que a generalidade seria pouco provável de facilitar o entendimento tanto da pesquisa realizada quanto do presente texto, ressaltando que, estou convicto de uma força que a pesquisa antropológica me fez descobrir: aquela em que a diversidade identitária é tão dinâmica quanto às forças que mobilizam uma sociedade, seja indígena ou não.

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