segunda-feira, 17 de março de 2008

Professores Alienados - uma realidade?

Todas as vezes que leio ou ouço alguém classificar professores de alienados, fico pensando na repercussão que esta antiga percepção de mundo provoca. Assim, não posso eximir meu descontentamento com isto. Afinal, a que serve este pensamento? Averiguando a partir de minha formação, uma concepção para o termo alienação, há duas possibilidades.

Para Hegel, é processo inevitável e essencial à consciência, pois consiste na primeira condição necessária à passagem da ingenuidade à posição de realidade, passando a associar o que acontece consigo e com os outros, com o conjunto de situações ao seu redor. No entanto, Marx sugere entendimento de que a alienação resulta das condições dominantes presentes no pensamento e ação capitalistas, onde o trabalho e o fruto deste que ocorre tão imediato e fora de seu interesse, a tal ponto de ser transformado em mercadoria, sem que o trabalhador o reflita, o conheça, o valorize.

Classificar é tão natural ao homem que independe de sua vontade ou consciência. Isto é um fato. Pois da necessidade imposta pela realidade desde a mais remota e distante, o que se percebe é uma forte relação homem X natureza e, portanto, homem X realidade. Não posso nem tenho como desvincular nem dissociar realidade de Homem, assim como a consciência, deste. Não acredito em seres humanos inconscientes. Classificar seres humanos de inconscientes é classificá-los de irracionais, pois toda forma de explicação de algo que lhe ocorreu, seja no plano das emoções ou dos fatos em si, é um estado de consciência e não de alienação, o faz questionarmos as concepções hegeliana e marxista de alienação.

Um pescador, um agricultor, um professor, um jornalista... Todos possuem seus modelos de consciência, logo segundo suas experiências concretas, o que será remodelado com sua formação cognitiva no decorrer da vida. Portanto, cada um entende, explica e vive segundo seus modelos de consciência e esta não é um atributo desta ou daquela instituição. Não está restrita à família, à economia ou à escola. Por natureza, somos conscientes e não alienados.

Não acredito em professores alienados, por que não há seres humanos alienados. Quando essa categoria de pensamento foi criada, assim o foi como uma conseqüência de um entre outros modelos de entendimento da mente humana, no caso, o sociológico. Deixar-se ceder à concepção e classe de alienação, é retornar à já ultrapassada fase do pessimismo pedagógico, estágio de entendimento docente que nos fez tanto mal, quando desacreditamos na capacidade humana de se superar e vencer as realidades que criamos em sociedade. Somos conscientes sim, porque somos humanos. Simplesmente.

* É professor formador de professores pelo Estado de Roraima, cientista social, metodólogo e mestrando em Antropologia pela UFRN. E-mail: wanderleyrr@oi.com.br.
Disponível em: http://www.folhabv.com.br/noticia.php?editoria=opiniao&Id=34716. Acessado em: 26 de janeiro de 2008.

Um comentário:

Unknown disse...

oi meu amigo vc esta muito chik esta ater com blog
bjs
gledes